Botando a cabeça pra funcionar n.24

Toda flor tem seu encanto , marca momentos ou não .
Para os sensíveis, sempre uma historinha para contar.
Ou olhos para ver, olfato para sentir.

Houve um tempo no passado, que a patroa da fabrica de móveis para decoração, enfeitava as amplas salas com hortênsias desidratadas .
Muito jovem eu olhava para aqueles arranjos mortos, secos e marrons e pensava: qual o motivo , qual a mensagem daquelas flores emurchecidas e feias decorarem vasos de cristal ou cerâmicas indígenas.
Era um ritual. Em  determinada época do ano, lá vinha ela com aqueles galhos imensos distorcidos para eu ajudasse . E o Eduardo mãos de tesoura incorporava em mim, o sofrimento passava quando ela sorrindo estalava a língua , feliz como uma criança depois de comer um doce , e extasiada perguntava: Não é lindo ?
Não, eu pensava. Não é lindo não. Flores azuis transformada em flores secas e marrons.
Hoje eu sei o que significava para ela.
Do azul metileno em várias nuances, ela não podia reter.
Mas com o marrom das flores ela certamente podia lembrar da terra onde vivera, dos jardins que admirara. Eram bonitas lembranças que eu não compreendia.
Mas hoje, com a sensibilidade aguçada, eu consigo lembrar daquela alemã
que perpetuava as flores desidratadas, revivendo as cores de um jardim vivo de hortênsias.

Sempre nos dias 5,15 e 25
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